Calote Bilionário em Cooperativa de Maracaju Expõe Colapso sem Precedentes no Campo
- Redação

- 28 de out.
- 2 min de leitura
Atualizado: 29 de out.

Falência de cooperativa com prejuízo de R$ 2 bi e disparada de 45% nas recuperações judiciais no setor revelam o tamanho da tormenta financeira que atinge produtores rurais de todos os portes. Diretoria foi demitida e conselho, dissolvido.
A crise financeira que assola o agronegócio brasileiro mostrou sua face mais cruel com o colapso de uma cooperativa em Maracaju, Mato Grosso do Sul. A instituição, que acumulou um calote histórico superior a R$ 2 bilhões, foi declarada falida e precisou ser anexada à estrutura de um grupo maior de outra região para manter suas operações. A diretoria responsável pelo prejuízo foi demitida e o conselho deliberativo, dissolvido.
O caso, longe de ser isolado, é o retrato de uma tempestade perfeita que se abateu sobre o campo. Dados da Serasa Experian mostram que o setor agropecuário registrou 389 pedidos de recuperação judicial apenas no primeiro trimestre de 2025, um salto assustador de 45% em relação ao mesmo período de 2024.
Crédito Seca e Ameaça Judicial
Em meio a este cenário, as instituições financeiras que sustentam o setor começam a adotar medidas drásticas para se proteger. O mercado confirma que há uma forte restrição na concessão de novos créditos para produtores rurais, o que pode agravar ainda mais a situação de caixa no campo.
Paralelamente, circula no meio jurídico e financeiro um alerta: grandes credores estão preparando ações judiciais contra escritórios de advocacia que, em sua avaliação, estão induzindo produtores a entrar com pedidos de recuperação judicial de forma precipitada. A acusação é de que essa prática, em vez de buscar renegociações diretas, acelera o processo de falência de empresas que ainda teriam condições de se recuperar.
Maracaju: O Epicentro de uma Crise Maior
A situação da cooperativa de Maracaju ilustra com números chocantes a gravidade do momento. O rombo de R$ 2 bilhões não apenas levou à sua falência, mas criou um efeito dominó na economia local, afetando fornecedores e produtores associados.
A anexação a um grupo externo foi a solução emergencial encontrada para evitar um colapso total e permitir que as atividades continuem. A demissão da diretoria e a dissolução do conselho soam como um mea-culpa de que falhas graves de gestão e a exposição excessiva a riscos de mercado contribuíram para o desastre.
"Quando uma cooperativa de porte regional quebra com um valor desses, é um sinal de alerta para todo o sistema", analisa um consultor de agronegócio que acompanha o caso. "Isso não é mais uma má safra ou um endividamento pontual. É uma crise de liquidez generalizada, onde produtores tradicionalmente bons pagadores, que nunca haviam atrasado uma conta antes de 2023, estão agora assoberbados por dívidas."
A expectativa entre especialistas é que o enrijecimento do crédito e a judicialização de conflitos devem marcar os próximos meses, com um aumento da concentração de terras e negócios nas mãos de grupos mais capitalizados, enquanto produtores médios e pequenos lutam para sobreviver à maior crise das últimas décadas.









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