Abril Vermelho expõe conivência do governo e ameaça segurança no campo
- Redação
- 8 de abr.
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Com a chegada de abril, o país assiste novamente à intensificação das invasões promovidas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), no chamado "Abril Vermelho". Sob a justificativa de pressionar por avanços na reforma agrária, o movimento amplia ações contra propriedades privadas, aprofundando o clima de instabilidade no campo.
Apesar da previsibilidade desses atos, o governo federal tem adotado uma postura considerada complacente, ignorando alertas do setor agropecuário e demonstrando disposição para atender às pautas do MST — mesmo diante de práticas que violam o direito à propriedade, à segurança jurídica e à produção agrícola nacional.
Antes mesmo do início oficial do Abril Vermelho, casos de invasões e expulsões de produtores rurais já vinham sendo registrados, aumentando a sensação de insegurança. Apenas nos primeiros meses de 2025, foram contabilizadas cinco novas invasões atribuídas ao MST, número que tende a crescer com a conivência do Estado. Em 2024, 28 ocupações já haviam sido registradas em pelo menos dez estados, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Riscos à produção e à segurança rural
A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) tem manifestado preocupação com o cenário, denunciando que a continuidade das invasões coloca em risco não só a atividade agropecuária — que sustenta o PIB brasileiro —, mas também a integridade física de produtores e suas famílias. Parlamentares apontam que o MST, cada vez mais radicalizado, age com a sensação de impunidade e proteção política.
O agravamento da situação ficou evidente em março, quando três áreas foram ocupadas nos estados da Bahia, Ceará e Espírito Santo, como parte da chamada "Jornada de Luta das Mulheres". Enquanto algumas ações miraram áreas improdutivas, outras, como no Ceará, afetaram propriedades produtivas e estruturadas, demonstrando o avanço descontrolado das ocupações.
A visita recente do presidente da República a um assentamento do MST em Minas Gerais, com o anúncio de novas desapropriações, foi interpretada como um sinal de apoio explícito ao movimento, em detrimento do respeito às leis e à segurança no campo.
Parlamentares cobram ação contra "bandos organizados"
A reação no Congresso Nacional foi imediata. O presidente da FPA, deputado Pedro Lupion (PP-PR), denunciou a atuação do MST na Bahia como "organizações criminosas armadas" que expulsam produtores sob a omissão do poder público estadual. O deputado Evair de Melo (PP-ES) foi ainda mais duro, afirmando que a Bahia se transformou na "Faixa de Gaza do Brasil", com relatos de furtos de café verde nas propriedades invadidas.
Diante da gravidade dos fatos, a bancada ruralista cobra medidas urgentes do Tribunal de Justiça da Bahia, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do governo federal para garantir o cumprimento da lei e impedir que a violência se agrave.
Orçamento bilionário para o MST amplia indignação
Enquanto o setor produtivo enfrenta cortes em programas vitais — como o Plano Safra e a promoção de exportações —, o governo federal destinou mais de R$ 1 bilhão a iniciativas que beneficiam diretamente o MST. Os recursos incluem crédito para compra de imóveis, aquisição de alimentos de cooperativas ligadas ao movimento e formação de estoques públicos.
Para a senadora Tereza Cristina (PP-MS), ex-ministra da Agricultura, o direcionamento de verbas exclusivamente para o MST é uma ação "eleitoreira", que ignora as necessidades do conjunto da agricultura familiar brasileira.
Além disso, a denúncia de que aproximadamente R$ 900 milhões foram retirados de programas tradicionais do agro para alimentar a estrutura do Ministério do Desenvolvimento Agrário reforça as críticas de instrumentalização política da reforma agrária.
Insegurança jurídica e desmonte institucional
As recentes alterações na política de reforma agrária, como a Instrução Normativa nº 132/2023 do INCRA e o Decreto nº 11.637/2023, também acentuam a insegurança no campo. As novas regras eliminam critérios de transparência para desapropriações e concentram ainda mais poderes no governo federal, abrindo espaço para negociações políticas em detrimento de critérios técnicos.
O cenário atual revela uma preocupante inversão de prioridades: enquanto o MST avança sobre propriedades privadas com respaldo de setores do governo, o setor produtivo — responsável por empregos, geração de renda e segurança alimentar — enfrenta abandono, desmonte de políticas públicas e ameaças crescentes.
A continuidade desse quadro, alertam especialistas e parlamentares, compromete não apenas a segurança no campo, mas também o futuro econômico do país.
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