top of page

A Expansão do PCC em Mato Grosso do Sul


Imagem Revista Veja
Imagem Revista Veja

A expansão do Primeiro Comando da Capital (PCC) para fora de São Paulo teve início na década de 1990, quando o governo paulista, numa tentativa de desarticular a liderança da facção, transferiu presos considerados "problemáticos" para outros estados sem aviso prévio. Foi nesse contexto que dois dos principais líderes do PCC foram enviados para diferentes regiões do país: César Augusto Roriz Silveira, conhecido como "Cezinha", para Mato Grosso do Sul, e José Márcio Felício, o "Geleião", para o Paraná.

Sem que houvesse qualquer suspeita de sua influência, "Cezinha" foi tratado como um detento comum dentro do sistema prisional sul-mato-grossense. Carismático e articulado, rapidamente se destacou entre os presos, organizando discursos e disseminando a ideologia do PCC. Segundo o promotor de Justiça de São Paulo, Márcio Sérgio Christino, autor do livro Laços de Sangue – A História Secreta do PCC, a movimentação de "Cezinha" no presídio reproduzia os mesmos moldes das ações da facção em São Paulo. Assim, o PCC fincava suas primeiras raízes em Mato Grosso do Sul e, posteriormente, no Paraná.

Com o tempo, a facção não apenas cresceu em território, mas também se modernizou e estruturou. A profissionalização do PCC foi impulsionada pela ascensão de Marcos Willians Herbas Camacho, o "Marcola", que ao longo de aproximadamente um ano dividiu cela com Maurício Hernandes, o "Capitão Ramiro", um ex-militar treinado pelo Exército da Bulgária.

Hernandes, conhecido por sua participação no sequestro do publicitário Washington Olivetto entre 2001 e 2002, transmitiu táticas de guerrilha e estratégias de comando a "Marcola", que implementou novas diretrizes organizacionais no PCC, criando um organograma complexo, com funções bem definidas e "planos de carreira" dentro da facção.

Atualmente, o PCC se consolidou como um império do tráfico de drogas. Como afirma o promotor Márcio Sérgio, "ninguém trafica sem o PCC permitir, porque será eliminado pela facção". O poder da organização criminosa se estende por diversas regiões do Brasil, mas é especialmente forte em Mato Grosso do Sul, onde domina a rota da Bolívia, ponto estratégico para o fornecimento de cocaína ao restante do país e à Europa.

A facção também buscou expandir seu domínio para o Norte do Brasil, tentando tomar do Comando Vermelho (CV) o controle da Rota dos Solimões, mas sem sucesso. "Eles querem o monopólio", destaca o promotor paulista.

Para ele, enquanto houver demanda por drogas, o poder do PCC continuará crescendo. "O que o Brasil quer com o tráfico de drogas? Essa é a questão", conclui.

Comments

Rated 0 out of 5 stars.
No ratings yet

Add a rating
BANNER-DSTV-979x120.png
979x120-02.png
bottom of page